Salve-se quem puder (pagar)

Que dinheiro é esse?
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A situação caótica da saúde pública em Ilhéus interessa a alguém. E é fácil saber a quem. Enquanto milhares de pessoas voltam da porta do Hospital Geral Luiz Viana Filho ou de algum posto de saúde, os hospitais privados - que souberam se preparar para este momento - faturam alto e estipulam a tabela do preço que querem para salvar vidas. Uma consulta que até o final do ano passado custava 110 reais já custa 190. Fora medicamentos, quando necessários. E na maioria das vezes, são, como receita (lucro) para engordar ainda mais a fatura.

Bom momento de ganhar dinheiro e valorizar a máxima do "salve-se quem puder (pagar)".

É óbvio - e ninguém é tão ingênuo para pensar o contrário - que hospital privado visa o lucro na hora de fechar as contas. Mas por mais privado que possa ser, ele não pode abrir mão do seu compromisso social. Afinal, não estamos falando de um estebelecimento comercial que vende um par de sapatos de luxo e pode cobrar por ele quanto quiser. Não é um caso do compra quem quer e quem não pode olha e admira o rico usar.

Saúde é coisa séria. Salvar vidas, uma missão. Isso, portanto, não pode ser visto apenas como um comércio que visa lucro.

Profissional dos mais respeitados no rádio de Ilhéus, Vila Nova fez ontem, em seu programa da manhã uma denúncia gravíssima. Um hospital particular da cidade cobra a bagatela de 700 reais por uma bolsa de sangue. Frise-se que o sangue é doado para a entidade. Gratuitamente.

Independentemente dos problemas graves que afetam o setor em Ilhéus, as autoridades do município e do estado precisam dar um norte ao sistema público de saúde. É ele quem atende a quem não pode pagar. É ele quem salva vidas sem que o cidadão precise vender os olhos da cara. É ele quem, efetivamente, regula a lei da oferta e da procura e freia a ganância daqueles que vêem na respiração da pessoa uma forma de oxigenar o próprio bolso.

Ou então, não temos dúvida, é caixão e vela!